A nova investigação da Polícia Federal que resultou em medidas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira, 18, apontou que ele incentivou as articulações feitas junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para impor sanções ao governo brasileiro por causa do julgamento da ação sobre um golpe de Estado, na qual ele é réu.
Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que “recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas” contra o ex-presidente, “que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário”. “A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial”, diz o texto.
Os investigadores da PF entenderam que as ações de Bolsonaro tiveram um resultado concreto contra o governo brasileiro, com a promessa de imposição do tarifaço de 50% por Trump aos produtos exportados pelo Brasil. A investigação apontou que o próprio ex-presidente passou a vincular publicamente a revogação dessa medida com a aprovação de uma anistia aos acusados de golpe.
A investigação da PF detectou que Bolsonaro financiou esse movimento por meio da remessa de R$ 2 milhões para seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), permanecer nos Estados Unidos e realizar ações para obstruir o julgamento. Jair Bolsonaro admitiu essa remessa em depoimento prestado à PF no mês passado.
Por esses motivos, a PF pediu ao ministro Alexandre de Moraes autorização para deflagrar a operação desta sexta-feira (18), que resultou na imposição de tornozeleira eletrônica no ex-presidente e de uma série de medidas cautelares para impedi-lo de realizar novas ações junto a autoridades estrangeiras, como a proibição de contato com embaixadores e diplomatas de outros países.
A suspeita da PF é que os atos de Bolsonaro configuram crimes de coação no curso do processo, obstrução de Justiça e atentado à soberania nacional.
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