O governo americano anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil nesta terça-feira, 15. Um dos pontos se destacou: o interesse em apurar supostas irregularidades na adoção do Pix, mais popular método de pagamento no país e usado por 3 em cada 4 brasileiros.
A medida, anunciada pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, ou USTR na sigla em inglês, afirma que o sistema poderia estar prejudicando empresas americanas que atuam no setor de pagamentos.
O órgão afirma que o Brasil “parece envolver-se em uma série de práticas desleais em relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a promover seu serviço de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo”.
A ordem de investigar partiu do presidente americano Donald Trump e já era esperada — tinha sido mencionada na carta divulgada por ele na semana passada, em que ameaçou impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Trump, em justificativa, mencionou o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estar sendo alvo de um processo judicial que ele classificou como uma “caça às bruxas” e um suposto déficit na relação comercial entre Brasil e os Estados Unidos, que o governo brasileiro nega
Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, as medidas seriam uma forma de proteger as big techs e serviços de pagamentos americanos.
“Estamos falando aqui de uma competição tecnológica, onde os EUA visam tirar qualquer tipo de tecnologia que possa oferecer algum tipo de inovação e que não esteja sendo gerida dentro do próprio país ou que não esteja sob controle dos EUA”, diz Bruna Martins dos Santos, gerente de políticas e advocacy da Witness, organização internacional sem fins lucrativos focada em tecnologia e direitos humanos.
“A gente sabe que o Pix é um método de pagamento extremamente inovador e relevante para o contexto brasileiro, com grandes níveis de adesão. De nenhuma maneira ele deveria ser visto como uma prática desleal de serviço de pagamento eletrônico.”
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