Facções criminosas e milícias movimentaram em 2022 R$ 61,5 bilhões com a comercialização de gasolina, álcool, diesel e lubrificantes contra R$ 15 bilhões com a droga
Por Roberta Jansen
O crime organizado no Brasil já movimenta mais dinheiro com a venda irregular de combustível, ouro, cigarro e álcool do que com o tráfico de cocaína, como revela estudo divulgado nesta quinta-feira, 13, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A expansão de atividades criminosas para setores formais da economia é responsável por perdas fiscais na casa dos bilhões e pela ampliação do poder político dos criminosos.
De acordo com o estudo “Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil”, as organizações criminosas movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a comercialização de combustível, ouro, cigarros e bebida. A movimentação financeira do tráfico de cocaína no mesmo período foi estimada em R$ 15 bilhões.
Crime organizado movimenta mais de R$ 60 bilhões por ano com contrabando e adulteração de combustível, segundo novo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foto: Paulo Liebert/Estadão
Trata-se do primeiro estudo feito no Brasil a registrar o impacto do crime organizado na economia formal e aos cofres públicos do País. Segundo o novo trabalho, as facções criminosas começaram a investir em produtos do mercado formal para lavar o dinheiro do tráfico de drogas, mas logo perceberam as vantagens financeiras e políticas de diversificar seus negócios.
“Inicialmente, essas mercadorias começaram a ser exploradas para lavar o dinheiro da droga, mas acaba gerando uma receita tão grande que a droga deixa de ser o negócio mais rentável, ainda que não deixe de ser o principal”, explicou o diretor-presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima. “O tráfico de droga permite o controle de territórios e, sobretudo, das rotas do comércio ilegal na Amazônia e no Mato Grosso do Sul.”
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