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Quem é a brasileira que vai estudar em Harvard após pesquisa promissora sobre Alzheimer

Quem é a brasileira que vai estudar em Harvard após pesquisa promissora sobre Alzheimer

Descobertas de Giovanna Carello Collar, de 28 anos, premiada internacionalmente, apontam que doença se manifesta muito antes da velhice; equipe investiga possibilidade de mutações genéticas funcionarem como prevenção

Por Vanessa Fajardo

Cientista brasileira de 28 anos ganha bolsa de estudos em Harvard após pesquisa sobre Alzheimer

Capa do video - Cientista brasileira de 28 anos ganha bolsa de estudos em Harvard após pesquisa sobre Alzheimer

Descobertas de Giovanna Collar apontam que doença pode se manifestar muito antes da velhice

Inspirada pela história da avó, diagnosticada com Alzheimer aos 50 anos, e pela mãe cientista, Giovanna Carello Collar, de 28 anos, decidiu muito cedo que queria ser pesquisadora.

Graduada em Biomedicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde concluiu o mestrado e atualmente faz o doutorado, ela já soma cinco anos de dedicação ao estudo da doença.

Giovanna Carello Collar, 28 anos, cientista brasileira especializada em Alzheimer ganhou prêmio por seus estudos
Giovanna Carello Collar, 28 anos, cientista brasileira especializada em Alzheimer ganhou prêmio por seus estudos Foto: Arquivo Pessoal

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Ao longo da carreira, Giovanna ganhou mais de 15 bolsas de instituições e agências de fomento para participar de conferências e eventos sobre patologias degenerativas.

Neste ano, a biomédica conquistou o prêmio “One to Watch”, conferido às neurocientistas mais promissoras da área pela Alzheimer’s Association International Conference (AAIC).

Outro reconhecimento de destaque foi o do programa Fullbright Brasil, que selecionou estudantes de doutorado para fazer parte do curso nos Estados Unidos – entre eles, Giovanna.

Malas prontas para Harvard

Em agosto deste ano, ela deixará Porto Alegre, cidade onde mora, para estudar na Universidade de Harvard por nove meses.

“Foi um processo seletivo bem extenso, cansativo, desafiador, mas fiquei muito feliz de ter sido contemplada com essa bolsa renomada e estou empolgada e animada para ir”, diz.

Na pesquisa de doutorado, a cientista estuda os fatores de resiliência e mecanismos que garantem que uma pessoa não desenvolva o Alzheimer, além de entender em que período da vida ele desencadeia.

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“A hipótese é de que ele possa começar muito antes do que se imagina, durante o neurodesenvolvimento da pessoa, no período da gestação. Estamos testando e tentando entender os mecanismos”, afirma.

Cientista brasileira em conferência sobre Alzheimer
Cientista brasileira em conferência sobre Alzheimer Foto: Arquivo Pessoal

Giovanna explica que a equipe identificou que a mutação específica no gene da relina, uma proteína importante para garantir o neurodesenvolvimento, poderia funcionar como uma proteção contra o acúmulo de outra proteína chamada tau, que é um dos marcadores da doença.

“A tau juntamente com o amiloide são as duas proteínas importantes para o desencadeamento da doença. Então, ter uma proteção contra o acúmulo dessas proteínas é muito importante para que a pessoa não desenvolva o Alzheimer”, explica.

De acordo com o estudo, os participantes que têm essa mutação – e não possuem o acúmulo da proteína tau – apresentam um declínio cognitivo mais lento comparado aos demais.

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“A princípio, a relina se torna um alvo promissor para continuarmos investigando. Claro que há muito caminho pela frente para conseguirmos corroborar esses achados, mas é um passo importante.”

Alzheimer afeta 1,2 milhão de brasileiros

No Brasil, o Alzheimer afeta 1,2 milhão de pessoas e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano, segundo o Ministério da Saúde.

Problemas de memória, dificuldade na fala e no raciocínio e desorientação no tempo e no espaço são alguns dos sinais que podem indicar o diagnóstico. O tratamento, a base de medicamentos, ajudam a retardar a progressão dos sintomas. A doença é a causa mais comum de demência no mundo.

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“A incidência está cada vez aumentando, os números são projetados para aumentar cada vez mais nas próximas décadas, justamente com o envelhecimento da população”, diz a cientista, ao lembrar que “treinar o cérebro” com tarefas simples desde o preenchimento de palavras cruzadas até as mais complexas são importantes para a “reserva cognitiva” que previnem a doença.

Segundo Giovanna, só 1% dos casos ocorrem em decorrência genética, os 99% restantes são de “origem esporádicas, que combinam fatores de risco, que podem ser modificáveis como sedentarismo, obesidade ou tabagismo, a outros ainda desconhecidos.”

Descobertas de Giovanna Carello Collar sugerem que a doença se manifesta muito antes da velhice
Descobertas de Giovanna Carello Collar sugerem que a doença se manifesta muito antes da velhice Foto: Arquivo Pessoal

Sonho de fundar instituto especializado

No futuro, a pesquisadora sonha em criar um instituto especializado no estudo de Alzheimer. Para além de seguir aprendendo e descobrindo mais sobre a doença, ela quer evitar o êxodo de cientistas brasileiros que deixam o País por falta de oportunidade e investimento em pesquisa, movimento conhecido como “fuga de cérebros.”

Com o instituto, ela também pretende atrair mais mulheres para as carreiras nas áreas de ciência, assim como ocorreu na sua família.

Além da mãe, que é química, a irmã mais nova de Giovanna é bióloga e se especializou na pesquisa sobre pássaros e na observação da vida na floresta.

A participação de mulheres na ciência brasileira cresceu 29% entre os anos 2002 e 2022, segundo o relatório “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, lançado em março de 2024 pela Elsevier-Bori. Entretanto, conforme a carreira avança, a participação feminina nas publicações científicas diminui.

“Vejo que a gente tem muito potencial em relação às pesquisadoras, mas precisamos de mais valorização do nosso trabalho, com igualdade entre os homens em relação a salários, oportunidades, reconhecimentos e acesso”, afirma.

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