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Cinco vezes em que Bolsonaro réu desmentiu o que disse como presidente

Sentado no banco dos réus, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro recuou de declarações feitas durante o seu mandato. Confrontado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro negou ter atacado os ministros da Corte e o sistema eleitoral, afirmando que apenas exagerou na retórica.

O depoimento ocorreu nesta terça-feira, 10, durante o interrogatório dos oito acusados de compor o núcleo central da suposta trama golpista após as eleições de 2022.

Moraes e Gonet relembraram episódios emblemáticos, como a reunião ministerial de 5 de julho de 2022 e o encontro com embaixadores, no dia 19 do mesmo mês, em que o então presidente levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas e atacou o Judiciário. Questionado, Bolsonaro recuou em diversos trechos.

Em determinado momento, chegou a criticar a postura de seus apoiadores mais radicais. “Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, afirmou.

1. Acusações sem provas a ministros do STF

Na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, Bolsonaro insinuou corrupção por parte de ministros do Supremo, citando valores milionários em dólares. Questionado como réu, recuou: disse que não havia indícios e que apenas “desabafava” em um ambiente fechado.

Declaração como presidente: “Pessoal, perder uma eleição não tem problema nenhum. Nós não podemos é perder a democracia numa eleição fraudada. Os caras não têm limite. Eu não vou falar que o Fachin tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Barroso tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes tá levando US$ 50 milhões. Não vou falar isso aí. Não vou levar pra esse lado. Não tenho prova, pô! Mas algo esquisito está acontecendo.”

Resposta como réu: “Não tem indício nenhum (de pagamentos), senhor ministro (Alexandre de Moraes). Tanto é que era uma reunião pra não ser gravada. (Fiz) um desabafo, (foi) uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando (o cargo de ministro), teria falado a mesma coisa. Então, me desculpem, não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três.”

2. Suposta previsão de fraude eleitoral

No mesmo encontro ministerial, Bolsonaro insinuou que só perderia a eleição se houvesse fraude, mencionando que teria “70% dos votos”. No depoimento, disse se tratar de “coincidência” e reconheceu que não havia provas.

Declaração como presidente: “Nós vamos esperar chegar 23, 24, para se foder e depois perguntar por que eu não tomei providência lá atrás, e não é providência de força, não, Não é dar tiro. Ô Paulo Sérgio, vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, porra. Daí pra frente quero todo ministro fale o que eu vou falar aqui e vou mostrar. Se tá achando que eu vou ter 70% dos votos e vou ganhar como ganhei em 2018 e vou provar, o cara tá no lugar errado.”

Resposta como réu: “Vossa excelência falou ali dos 70%. Coincidência talvez, ministro. Eu complementei. Vão aparecer 49%. Apenas uma coincidência. Não tinha prova de nada disso daí. Um desabafo meu com toda certeza.”

3. Alegações sobre falhas nas urnas em reunião com embaixadores

Durante o encontro com diplomatas, Bolsonaro relatou supostas falhas nas urnas eletrônicas em 2018, afirmando que eleitores não conseguiam votar nele. Interrogado, admitiu ter exagerado e disse que sua defesa do voto impresso era uma posição antiga, sem relação direta com fraudes.

Declaração como presidente: “O que nós entendemos aqui no Brasil é que, quando se fala em eleições, elas têm que ser totalmente transparentes, coisa que não aconteceu em 2018 (…) Eu teria dezenas e dezenas de vídeos pra passar pros senhores por ocasião das eleições de 2018 onde o eleitor ia votar e simplesmente não conseguia votar. Ou quando ele apertava o número 1, e depois ia apertar o número 7, aparecia o 3 e o voto ia pra outro candidato. O contrário ninguém reclamou. Temos quase 100 vídeos de pessoas reclamando que foram votar em mim e, na verdade, o voto foi para outra pessoa, nenhum vídeo falando de outro candidato e por ventura apareceu meu nome.”

Resposta como réu: “Desde 2012, no mínimo, eu sempre lutei pelo voto impresso (…) Então essa questão do voto impresso é uma coisa minha desde há muito tempo, como foi do Flávio Dino, como foi de outras personalidades, a maioria de esquerda. Então, se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado com toda a certeza. Mas o meu objetivo sempre foi mais uma camada de proteção por ocasião das eleições.”

4. Ameaças veladas ao STF em discurso público

Em entrevistas e discursos em agosto e setembro de 2021, Bolsonaro sugeriu que o Supremo sofreria “o que não queremos” caso não ouvisse o povo. No interrogatório, alegou que suas falas foram reações emocionais e que jamais promoveu ações concretas contra os poderes da República.

Declaração como presidente: “Se o ministro Barroso continuar sendo insensível, como parece estar sendo insensível, quer processo contra mim, se o povo assim o desejar, porque eu devo lealdade ao povo brasileiro, uma concentração na Paulista para dar o último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia. Repito: o último recado para que eles entendam o que está acontecendo. Passem a ouvir o povo. Eu estarei lá.”

Sentado no banco dos réus, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro recuou de declarações feitas durante o seu mandato. Confrontado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro negou ter atacado os ministros da Corte e o sistema eleitoral, afirmando que apenas exagerou na retórica.

O depoimento ocorreu nesta terça-feira, 10, durante o interrogatório dos oito acusados de compor o núcleo central da suposta trama golpista após as eleições de 2022

Moraes e Gonet relembraram episódios emblemáticos, como a reunião ministerial de 5 de julho de 2022 e o encontro com embaixadores, no dia 19 do mesmo mês, em que o então presidente levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas e atacou o Judiciário. Questionado, Bolsonaro recuou em diversos trechos.

Em determinado momento, chegou a criticar a postura de seus apoiadores mais radicais. “Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, afirmou.

5. Defesa do artigo 142, do AI-5 e de manifestações com apelo golpista

Como presidente, questionou punições a manifestantes que exibiam faixas com o artigo 142 da Constituição ou pediam AI-5. Como réu, se distanciou dessas ideias, classificando seus apoiadores mais radicais como “malucos” e disse que os comandantes das Forças Armadas jamais embarcariam nessas propostas.

Declaração como presidente: “Tenho que respeitar o artigo 1º, 2º, o 9º, o artigo 20, o artigo 100. Tenho que respeitar também o (artigo) 142. O cara sai, levanta uma placa (com o artigo) 142, ele é processado por causa disso? Então vamos tirar o artigo 142 da Constituição. O cara levanta uma placa AI-5. AI é na Constituição anterior, não existe mais AI (…) Por que punir um cara desse e falar em ato antidemocrático?”

Resposta como réu: “Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali.”

“Ou o chefe desse poder enquadra o seu, ou esse poder pode sofrer aquilo que não queremos.”

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