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Lula diz que o Brasil dá ‘R$ 860 bilhões em isenções para os ricos’, veja os números e se é verdade

Por Alvaro Gribel – Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou durante viagem ao município de Mariana, em Minas Gerais, que o Brasil gasta “R$ 860 bilhões” em isenções fiscais para os mais ricos. Disse, também, que só há críticas ao seu governo quando os gastos são voltados para os mais pobres.

“Vocês sabem quanto que nós gastamos com os ricos? Sabem quantos bilhões a gente dá de isenção para os ricos deste país que não pagam imposto? R$ 860 bilhões. É quatro vezes o Bolsa Família”, afirmou Lula.

Especialistas explicam, contudo, que o presidente não só inflou o número mas também desconsiderou uma série de benefícios que são voltados para a população mais pobre. Além disso, passou a considerar programas voltados para o setor produtivo — e que geram empregos — como medidas voltadas para os mais riscos.

O que os dados da Receita mostram é que a isenção tributária prevista para 2025 é de R$ 587 bilhões, ou 4,74% do Produto Interno Bruto (PIB). O presidente Lula subiu o número para R$ 860 bilhões, tendo como base declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas que ainda não foram detalhadas pela pasta.

Haddad afirma que esse dado mais elevado é uma projeção da Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades de Natureza Tributária (Dirb), um documento novo, que começou a ser encaminhado pelas próprias empresas à Receita no ano passado, expondo o quanto de impostos deixaram de ser pagos e para quais programas.

O Demonstrativo de Gasto Tributário (DGT), por sua vez, que acompanha a Proposta de Lei Orçamentária Anual de 2025 (Ploa), estima as isenções em R$ 587 bilhões. Esse é o documento que tem a série histórica de referência, desde 1989, sobre as renúncias e permite a comparação com anos anteriores.

Simples está no topo das renúncias

A maior isenção acontece com o Simples Nacional, que tem uma perda de receita estimada em R$ 127,73 bilhões este ano. O benefício é voltado para empresas dos setores de comércio, serviços e indústria com faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano.

Para o especialista em política fiscal da XP Investimentos, Tiago Sbardelotto, não dá para afirmar que o Simples é uma política voltada para os mais ricos, já que gera empregos para os mais pobres, além de ser direcionada para pequenas e médias empresas.

“É temerário dizer que o Simples é voltado para os ricos, porque existem efeitos indiretos do benefício tributário que podem ajudar também os mais pobres, mesmo nesses benefícios que são direcionados a empresas”, afirmou. “O caso do Simples é emblemático. Embora seja um benefício para empresas, é, em geral, voltado para pequenos empresários que nem de longe podem ser considerados ricos.”

Isenções tributárias previstas em 2025 — em R$ bilhões dos principais setores da economia

 
Simples Nacional 127,73
Agricultura e Agroindústria – Desoneração Cesta Básica 50,62
Despesas Médicas 35,87
Aposentadoria por Moléstia Grave ou Acidente 28,54
Zona Franca de Manaus 26,36
Exportação da Produção Rural 22,81
Entidades Filantrópicas 21,24
Aposentadoria de Declarante com 65 Anos ou Mais 21,22
Assistência Médica, Odontológica e Farmacêutica a Empregados 17,44
Títulos de Crédito – Setor Imobiliário e do Agronegócio 16,77
SUDENE 13,75
Poupança 12,73
Produtos Químicos e Farmacêuticos 11,57
Indenizações por Rescisão de Contrato de Trabalho 11,49
Desoneração da Folha de Salários 11,33
SUDAM 10,72
Entidades sem Fins Lucrativos – Assistência Social e Saúde 10,01
Inovação Tecnológica 9,90
Medicamentos 9,34
MEI – Microempreendedor Individual 9,05
Desoneração da Folha dos Municípios 7,49
Agricultura e Agroindústria – Defensivos agrícolas 7,37
Financiamentos Habitacionais 6,96
Informática e Automação 6,85
Entidades sem Fins Lucrativos – Educação 6,40
Despesas com Educação 6,38
Programa MOVER 4,77
Entidades sem Fins Lucrativos – Associação Civil 4,56
Entidades sem Fins Lucrativos – Filantrópica 4,32
Zona Franca de Manaus e Área de Livre Comércio – Alíquotas Diferenciadas 4,09
PROUNI 3,62
Funrural 3,21
Setor Automotivo 2,94
Programa Nacional de Apoio à Cultura 2,90
Embarcações e Aeronaves 2,63
Livros 2,56

 

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