O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) foi denunciado após cometer racismo religioso durante o evento evangélico Celebrai, realizado no último sábado (13) no município de Conselheiro Lafaiete (MG). Durante discurso, ele atacou as religiões de matriz africana.
“Não sobrará em Conselheiro Lafaiete Zé Pilintra, Zé Pilantra, Exu Caveira, Tranca Rua e Preto Velho. Nenhuma obra de feitiçaria vai governar mais essa terra, porque a presença do Deus eterno pode modificar os nossos corações”, afirmou o pastor e deputado. O Celebrai é promovido pela prefeitura e classificado como um dos maiores eventos evangélicos da região.
O pastor foi denunciado por diferentes parlamentares pelo crime de racismo religioso. O deputado federal pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) afirmou que acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e pediu apuração da conduta de Feliciano também à Mesa da Câmara dos Deputados e ao ministérios dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial. Já a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) anunciou que acionou o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). A deputada estadual Lohanna França (PV) e a vereadora de Lafaiete, Damires Rinarlly (PV) também acionaram a Justiça.
“Hoje protocolamos denúncia no Ministério Público de Minas e manifestação de repúdio na Comissão de Cultura da ALMG contra as falas do deputado Marco Feliciano, que atacaram religiões de matriz africana em evento custeado com dinheiro público. Conselheiro Lafaiete não será palco para discursos de ódio. Seguiremos defendendo a liberdade religiosa e o respeito à diversidade”, afirmaram as parlamentares em publicação nas redes sociais.
O Fórum de Religiões de Matrizes Africanas (Forma) também se manifestou sobre o discurso preconceituoso de Feliciano por meio de uma nota de repúdio. A organização afirmou ser “inadmissível” que, “em pleno século XXI”, haja ataques físicos ou verbais contra as “tradições que compõem a rica diversidade cultural e espiritual do povo brasileiro”.
“Os terreiros são espaços de fé, resistência, cuidado, ancestralidade e acolhimento, e merecem respeito. Reafirmamos nosso compromisso inegociável com a liberdade religiosa, garantida pela Constituição Federal, e com o combate a todas as formas de discriminação, intolerância e racismo religioso”, disse a entidade em nota.
A Associação Afrotradicional Egbé Iyá Omi também emitiu uma nota de repúdio e afirmou que apesar da Secretaria Municipal de Cultura reafirmar o compromisso da cidade com a diversidade, “é necessário pontuar que, quando um episódio de intolerância religiosa ocorre em um evento realizado em espaço público e amplamente divulgado pelas redes institucionais, não basta reafirmar princípios de convivência: é imprescindível também assumir responsabilidade e agir para que situações como essa não se repitam”.
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