Botafogo parecia o patinho feio do Mundial; agora, tem partida para ser contada aos bisnetos
Estadão -Fonte
Por MAURO BETING
A ciência e a religião tentam explicar o mundo. Para todas as outras coisas incompreensíveis, existe o Botafogo.
Neste século, o Liverpool não era tão favorito em 2005 contra o São Paulo quanto o PSG contra o irregular Botafogo (depois de duas goleadas seguidas francesas contra gigantes europeus do clube que há duas semanas ganhou a Champions); em 2006, o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho era quase tão favorito contra o Inter de Fernandão como era no Rose Bowl o PSG (nas melhores semanas em 55 anos de clube); em 2012 havia mais equilíbrio do Corinthians contra o Chelsea na decisão do Mundial do que no enfrentamento de hoje na Califórnia.
Nesta quinta-feira histórica e heroica do Glorioso, a questão era saber quanto seria o placar final a favor do campeão da Europa de 2025 (há duas semanas) contra o campeão sul-americano de 2024 (há sete meses).
Mesmo com Luis Enrique – corretamente – poupando de início Marquinhos, Nuno Mendes, João Neves e Fabián Ruiz (além do lesionado Dembélé), o Paris era favorito. Muito favorito contra o Botafogo que acertou com Allan ao lado dos monumentais Marlon Freitas e Gregore, dando suporte a ótimas atuações de Vitinho e Alex Telles, e imperiais partidas de Jair e do impressionante Alexander Barboza.
Eu não sei falar uma palavra em francês, mas eu gostaria de aprender a falar “certas coisas só acontecem com o Botafogo”. E não só em francês, em qualquer língua deste mundo, onde o melhor time da Europa e do planeta hoje perde por 1 a 0 para o campeão da América.
PSG que não tem rival no mundo nesta temporada. Mas teve em Pasadena todos os espíritos de General Severiano não apenas dando um pé e todas as mãos a John. Também a aplicação sem a bola que cedeu poucos espaços ao PSG, e, com Savarino, ajudou a armar o golaço de Igor Jesus, no contragolpe letal.
Na segunda etapa, o Botafogo criou e chegou mais. E pouco concedeu de perigos reais ao PSG, que terminou o jogo com toda a cavalaria disponível e disposta. Mas não mais bem disposta em campo como o time de Renato Paiva, que levou mais uma vítima fatal ao cemitério dos favoritos, na definição de gosto discutível do treinador botafoguense. Mas indiscutível pelo placar final.
O Botafogo que parecia o patinho feio entre os brasileiros pelas agruras e azares do sorteio, agora tem uma atuação e partida para contar aos bisnetos.
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