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Elas trocam empregos em escritórios para trabalhar como assistente, babá e governanta de luxo
Residências de alto padrão atraem profissionais em busca de falta remuneração. Crédito: Jayanne Rodrigues
Imagine disputar uma vaga de emprego em que a empresa decide bancar uma passagem aérea na classe executiva para passar três dias em um resort cinco estrelas apenas para conhecer você melhor após a entrevista remota. Parece um processo seletivo dos sonhos, mas foi exatamente o que a brasileira Helena Heames, de 43 anos, viveu enquanto atuava como babá de celebridades nos EUA, mercado em que chegou a faturar R$ 1 milhão por ano.
Natural da Bahia, Helena se mudou para os EUA em 2008, aos 26 anos, logo depois da morte precoce dos pais. Começou no programa de intercâmbio Au Pair, recebendo US$ 200 (em torno de R$ 1.086) por semana para cuidar de crianças americanas. Mas só depois percebeu que já circulava entre famílias bilionárias, embora não tivesse noção de que aquele trabalho poderia render mais de 10 vezes o que recebia. “Fazia bicos para famílias ricas sem saber que eram ricas”, conta.
Dois anos após a chegada ao país estrangeiro, Helena entrou para o universo de “six figure nanny”, ou “babá de seis dígitos”. Foi quando passou a ser representada pelas principais agências de babás de luxo do país, como Pavillion, BAHS e Hire Society. Durante o período em que atuou na casa de ultrarricos, seus patrões eram CEOs de bancos, executivos de tecnologia, herdeiros de redes de saúde, a filha de um primeiro-ministro europeu e o presidente de uma das maiores gravadoras dos EUA
O mercado de serviços domésticos de luxo em que a brasileira conseguiu espaço movimenta profissionais há décadas nos EUA. A área também contrata mordomos, governantas, chefs, assistentes, motoristas e outros cargos. No Brasil, o setor vem crescendo nos últimos anos com remunerações de até R$ 60 mil por mês.
Uma matéria do jornal americano The New York Times mostrou, em 2012, o salário de US$ 180 mil por ano (R$ 27 mil por mês naquela data) que a brasileira Zenaide Munetton recebia como babá de alto padrão. Na época, o Estadão repercutiu o assunto e apontou que naquele ano a renda anual da profissional era “quase o dobro do que ganham recém-formados em MBAs de universidades como Columbia e NYU”.
Assim como Zenaide, Helena também começou a experimentar as regalias por trás do cuidado de filhos de ultrarricos. Conheceu resorts de luxo dos EUA, perdeu as contas de quantas vezes viajou de jatinho, dirigiu carros de luxo e conviveu com celebridades habituadas ao tapete vermelho.
Vaga de babá de luxo é mais difícil que entrar na Harvard?
A brasileira lembra que descobriu o nicho de serviços domésticos de alto padrão quando sua antiga patroa mostrou uma reportagem dizendo que “ser selecionada como babá de luxo era mais difícil do que entrar em Harvard”. O processo, ela confirma, é rigoroso.
A seleção é como uma análise nível FBI, “com tudo que já fez na vida”, afirma a profissional. A triagem inclui avaliações psicológicas e comportamentais, testes práticos de primeiros socorros e CPR, simulações de rotina e crise, checagem criminal, verificação de histórico profissional, análise de etiqueta, comunicação, sigilo, além de entrevistas com diferentes membros das famílias, às vezes até com consultores externos.
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