Estadão – Felipe Frazão
BRASÍLIA – Embora não queira abrir negociações e se aprofundar sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia durante a viagem ao Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, vai explicar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais uma vez, por que decidiu bloquear a assinatura do tratado entre os blocos.
Conforme uma fonte diplomática, o presidente francês prefere evitar o assunto, mas sabe que o tema não poderá ser contornado. Entretanto, não vai mudar de posição. A conversa não deve avançar, de acordo com a expectativa do Palácio de Eliseu, e Macron planeja apenas reiterar a Lula as razões de sua resistência.
A França se colocou contra a conclusão do acordo no ano passado, no momento em que a maioria dos países dizia haver uma janela política ideal. Lula lamentou o fracasso em concluir tratativas que levam 25 anos, mas recentemente disse que Paris deveria ter paciência e que estava pronto para assinar o tratado com a União Europeia, a despeito da oposição política de Macron.
Os franceses dizem não estar isolados na oposição e pressionam a Comissão Europeia, que negocia com o Mercosul. Eles dizem que as sociedades de cada um dos 27 países da UE devem estar convencidas dos compromissos climáticos previstos no acordo e pedem complementação do que já foi acertado. A França exige que os produtos em circulação na futura área de comércio estejam sujeitos às mesmas normas vigentes na Europa.
Uma fonte do governo francês diz que os produtores rurais e industriais precisam ser convencidos, mas eles rejeitam o progresso do acordo e exigem que todos concorram dentro do mesmo conjunto de regras. Essa deverá ser a tônica da justificativa de Macron.
“Eles estão submetidos há anos a normas adicionais para combater o aquecimento climático e proteger o meio ambiente e isso tem um custo para a competitividade deles”, explicou um membro da diplomacia francesa. “Não estamos prontos para avançar.”
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