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Exportações brasileiras crescem em outros mercados e compensam tarifaço dos EUA

247 – A alta das exportações brasileiras para mercados fora dos Estados Unidos tem amenizado os efeitos negativos do tarifaço imposto pelo governo norte-americano. Segundo levantamento do Valor Econômico, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), de agosto a outubro de 2025 o Brasil perdeu US$ 1,58 bilhão em receitas com exportações aos EUA, mas ganhou US$ 3,1 bilhões adicionais ao direcionar os mesmos produtos a outros países.

Os números consideram 1.503 bens afetados pelas tarifas de até 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no fim de julho. A lista de produtos atingidos foi elaborada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e inclui também os bens submetidos às medidas da Seção 232, decretadas em abril.

Capacidade de adaptação da indústria brasileira

Para o economista-chefe do Iedi, Rafael Cagnin, os dados mostram que a economia brasileira demonstrou força para se ajustar rapidamente. “No agregado, o tarifaço americano não é uma hecatombe. Não há perda do ponto de vista macroeconômico, embora a sinalização das medidas americanas seja ruim”, afirmou. Ele destaca que os setores mais ligados ao início da cadeia produtiva são menos dependentes dos EUA, o que favoreceu a compensação das perdas.

Ainda assim, Cagnin pondera que alguns segmentos mais expostos ao mercado norte-americano enfrentam dificuldades. “A competitividade do Brasil em produtos de início de cadeia consegue contornar a situação mais facilmente. Mas aqueles que possuem um grau de processamento maior e que estão mais expostos às deficiências de competitividade do nosso ambiente econômico têm mais dificuldade de fazer esse processo de caminhar”.

Setores com maior e menor impacto

Entre os produtos mais afetados, os semimanufaturados de ferro e aço registraram queda de 16,4% nas vendas aos EUA, somando US$ 491,3 milhões, enquanto as exportações para outros mercados subiram 27,2%. Ainda assim, o aumento global de US$ 54,9 milhões não compensou a perda de US$ 96,1 milhões com o mercado norte-americano, responsável por 65,7% das vendas do setor.

Em contrapartida, o café e a carne bovina congelada mostraram resultados positivos. A receita de café para outros destinos cresceu US$ 409,4 milhões, superando a queda de US$ 71,2 milhões nas vendas aos EUA. Já as exportações de carne bovina congelada para o mercado norte-americano despencaram 60,5%, mas aumentaram 64,3% em outros países, com um ganho de US$ 1,7 bilhão.

Segundo o economista do Inter, André Valério, o México tornou-se um importante destino alternativo para as carnes brasileiras. As exportações de carne desossada aos EUA caíram 53,7%, enquanto as vendas ao mercado mexicano cresceram 174,3%, totalizando US$ 204,8 milhões.

Redirecionamento estratégico e contexto político

O movimento de redirecionamento também foi observado em outros setores, como o de carnes destinadas à China, Chile, Filipinas e Rússia, que aumentaram suas compras de produtos brasileiros. Para Lia Valls, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisadora associada da FGV Ibre, essa capacidade de adaptação fortalece o Brasil nas negociações comerciais. “Isso não significa, porém, que a negociação com os EUA não seja extremamente importante. O mercado americano continua relevante, embora o efeito do tarifaço, talvez, seja menor do que se esperava. Isso dá estofo maior para o Brasil na negociação”, afirmou.

Em meio às tensões comerciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com Trump no fim de outubro, na Malásia, para discutir alternativas que reduzam o impacto das tarifas sobre os produtos brasileiros. Apesar da queda de 24,9% nas exportações totais aos EUA entre agosto e outubro, a ampliação das vendas a outros mercados evidencia a resiliência e a competitividade do setor exportador nacional diante das políticas protecionistas americanas.

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