Desde o fim da pandemia, a desigualdade de renda deu um salto: os ricos ficaram mais ricos e a distância em relação aos mais pobres e à classe média aumentou. Mas, nos últimos anos, também na ponta da pirâmide – no 1% mais rico -, a concentração de renda cresceu. Em termos numéricos, o 0,1% mais rico da população ganhou ainda mais do que os demais integrantes do clube do 1% de maior renda.
O 0,1% mais rico, este seleto grupo de pouco mais de 160 mil pessoas, tem renda mensal superior a R$ 146 mil (ou R$ 1,7 milhão por ano).
Nessa conta não entra o patrimônio – ou seja, casas, carros, mansões ou fazendas -, mas o quanto esses contribuintes recebem na geração de riqueza decorrente deste patrimônio, como os lucros de uma empresa, por exemplo, além da sua renda do trabalho e de ganhos financeiros.
O estudo foi feito pelo economista Sérgio Gobetti, que também é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com Priscila Kaiser Monteiro e Frederico Nascimento Dutra, e está publicado no site Fiscal Data, um hub de publicações sobre política fiscal e tributária.
Gobetti vem investigando há anos a renda dos mais ricos com base em informações da Receita Federal, que passou a dar acesso a dados estatísticos mais detalhados do Imposto de Renda a partir de 2017. Isso abriu a porta para a elaboração de estudos com mais informações sobre o comportamento da renda no topo da pirâmide.
Entre 2017 e 2023 (último ano com dados disponíveis), a renda do 0,1% mais rico cresceu 6,9% ao ano, bem mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) e do que a renda média das famílias brasileiras (+1,4%).
Ranking dos 15 países mais desiguais segundo o coeficiente de Gini
- África do Sul: 63
- Namíbia: 59,1
- Zâmbia: 55,9
- Eswatini: 54,6
- Botsuana: 53,3
- Brasil: 52,9
- Colômbia: 51,5
- Angola: 51,3
- Santa Lúcia: 51,2
- Panamá: 50,9
- Moçambique: 50,5
- Zimbábue: 50,3
- Congo: 48,9
- Guatemala: 48,3
- Honduras: 48,2
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