Por Guilherme Caetano – Estadão
Peregrinação de aliados ao condomínio Solar de Brasília, onde mora o ex-presidente, tem tempo para acabar; o STF rejeitou os recursos da defesa, e a ida para a penitenciária se aproxima
“Maria Amélia, vem aqui, que a coisa tá ficando feia”. Maria Amélia Campos já sabia do que se tratava quando ouviu os funcionários gritarem da calçada. Ela espiou a rua pela janela, largou o que estava fazendo e foi para o WhatsApp. “Corre pra cá, gente, corre pra cá”, distribuiu a mensagem em vários grupos.
Os reforços de Maria Amélia logo chegaram. Sempre que um detrator de Jair Bolsonaro (PL) protesta contra o ex-presidente em frente ao condomínio Solar de Brasília, os grupos de moradores e apoiadores se atiçam. Naquele dia, 2 de setembro, começaria o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que terminaria por condená-lo, e petistas tinham inflado um boneco do ex-presidente com roupa de presidiário, junto a uma faixa: “Bolsonaro na cadeia”.
“Eu pegava o carro, (passava) e xingava os petistas. Mobilizamos muita gente. Quando tem alguma ação para difamar a imagem do Bolsonaro, a gente não permite. Pô, você quer fazer manifestação? Vai pra Esplanada”, diz Maria Amélia, escolhida vice-presidente do PL Mulher no Distrito Federal pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, dada a proximidade com a família.
Dona de uma das confeitarias mais renomadas da capital federal, Maria Amélia tem atenção especial na unidade que fica em frente ao condomínio Solar de Brasília, no bairro Jardim Botânico. É lá que Bolsonaro mora.
Nesta quarta-feira, 12, o ex-presidente completa 100 dias de prisão domiciliar imposta pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, por ter descumprido medidas cautelares.
A prisão domiciliar de Bolsonaro tem gerado transtornos para a vizinhança. Moradores relatam brigas no grupo de WhatsApp do condomínio e o aumento da tensão em episódios como o do julgamento no STF. O mecânico Vinícius Scucato, que costuma autorizar jornalistas a passar pela portaria, sofre um processo de expulsão do condomínio motivado, segundo ele, pelas brigas que tem arranjado com a administração.
“Tem muito morador brigando. Tem uns que apoiam (Bolsonaro), e outros não. Já fizeram até reunião para tentar expulsar o Bolsonaro. Mas o administrador disse que não ia entrar nessa briga”, diz Scucato.

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