Grupo Colorado monta área de inovação e quer atrair startups

Braço de investimentos da empresa, que atua nos segmentos sucroenergético e de grãos há mais de 60 anos, buscará novas agtechs

Por  Marcos Fantin

A terceira geração da família dos acionistas do Grupo Colorado, que tem negócios no setor sucroenergético e na produção de grãos desde 1963, pretende levar a empresa a um novo rumo. Os primos Maurilio Ribeiro de Mendonça e Marcelo Ribeiro Bueno lideram a criação da estrutura de corporate venture capital (CVC) da companhia, o braço de investimentos que trabalhará para identificar startups do agronegócio.

O CVC é uma forma de investir em startups que vão além do retorno financeiro. A ideia é buscar produtos e serviços criados por agtechs que possam complementar negócios da Colorado que já existem. Com operações em São Paulo, Goiás e Mato Grosso, a companhia processa 9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra.

Na busca por oportunidades, o CVC dará prioridade a biocombustíveis, bioinsumos, agricultura de precisão, automação industrial e robótica. Segundo Maurílio Mendonça, os investimentos terão relação com o coração dos negócios da empresa. Assim, não há pretensão de se abrir o leque, ao menos por ora. “Vamos olhar tudo que tem a ver com nosso setor”, disse.

O interesse da Colorado é por agtechs que estejam em fase inicial de operações, mas que já tenham validado sua solução e começado a ampliar as operações. O grupo também buscará startups “pré-Série A”, rodada intermediária, destinada a fortalecer o produto, e as aptas a realizar uma “Série A”, a primeira rodada significativa de investimento, voltada a acelerar o crescimento.

Para auxiliar o grupo em sua nova frente, Elias Ospina, que acabou de chegar à empresa, atuará como diretor de inovação aberta e corporate venture. O executivo, que atuou no PwC Agtech Innovation, conduziu projetos de inovação com empresas como Bunge, UPL, John Deere, Banco do Brasil e Itaú.

Ouvir as agtechs

Ospina explica que o primeiro processo será ouvir as agtechs. “Vamos receber as startups para elas se apresentarem com um ‘pitch’”, conta. Depois, o comitê estratégico da Colorado avaliará as empresas para decidir quais chegarão à etapa final, de recebimento do aporte. Segundo o diretor, há 36 startups na lista de análises da empresa.

Marcelo Ribeiro, que também está à frente do CVC, conta que o grupo vinha recebendo consultas de faculdades, empresas e startups, mas não tinham uma área que pudesse receber esses interlocutores para dialogar. “Chegou um ponto em que o grupo estava grande e sentia falta de uma área de inovação. Então, começamos a falar com o Agroven”, relata. O Agroven é uma rede de investidores do agro formada por cerca de 250 membros, entre empresários, acionistas, produtores e corporações. A rede entrou na parceria para atuar na captação das startups.

Segundo Silvio Passos, presidente do conselho do Agroven, a Colorado busca participações minoritárias nos negócios, de até 15% . “Claro que o valor do cheque depende do valuation”, disse, sem detalhar quanto o grupo terá disponível para investimentos.

Para ele, a decisão de um grupo tradicional do agro de investir em inovação fortalecerá a companhia. “A Colorado dá um passo importante para que a inovação esteja no centro do que a empresa enxerga no futuro. A tese é investir em soluções para agregar na etapa de processos da empresa, e não diversificar os negócios”, afirma.

Na pessoa física, Marcelo Ribeiro tem investimentos em diversas áreas fora do agro, como saúde, tecnologia e mercado financeiro. “Temos outros investimentos, mas no CVC da Colorado olharemos somente para o agro”, conta. O empresário se diz animado com a nova fase. “Já está acontecendo. É uma boa dinâmica trazer o cara do campo para o escritório e conversar diretamente com ele”, comenta.

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