Agora, mais essa: quem teve informação privilegiada e lucrou montanhas de dinheiro com o anúncio de tarifas de 50% para produtos brasileiros nos EUA? É uma suspeita gravíssima, envolvendo Donald Trump, um presidente capaz de tudo na principal potência do mundo, que parece anestesiada diante de tantos descalabros. Um deles, aliás, já tinha passado praticamente em branco: Elon Musk remexendo documentos secretos do Pentágono sobre a China, onde tem negócios bilionários. Inacreditável!
Segundo o Jornal Nacional, da Rede Globo, houve uma daquelas formidáveis “movimentações financeiras atípicas” em 9 de julho, exatamente o dia do anúncio de Trump, numa carta abusada a Lula, contendo erros factuais e chantagens. A conexão entre a divulgação da carta e as operações de compra e venda de dólar chamou a atenção da Advocacia Geral da União e entrou no radar do Supremo: o ministro Alexandre de Moraes mandou investigar.
Menos de três horas antes do anúncio de Trump, com a cotação a R$ 5,46, a compra de dólares disparou até o volume estonteante de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões. Veio o anúncio, às 16h17, e cerca de dois minutos depois houve o movimento em sentido contrário, com a venda em volumes semelhantes de dólar – que tinha passado de R$ 5,46 para R$ 5,60. Parece pouco? Pois foi um negócio da China, com um ganho fabuloso que precisa ser explicado. Houve informação privilegiada? Quem passou? Que pessoas físicas, empresas ou grupos tiraram vantagem?
É mais um lance novelesco na guerra de Donald Trump contra o mundo e os interesses dos próprios americanos e que mira agora, com ódio e informações erradas, o Brasil. O capítulo sobre “movimentações atípicas”, porém, não é novidade. Elas foram decisivas para desvendar o mensalão e o petrolão da era PT e, tempos depois, para o Coaf apontar e a PF investigar as “rachadinhas” da família Bolsonaro, que jogam dúvidas sobre a compra de uma mansão daqui, outra dali, com origem nem sempre muito clara.
E assim as “movimentações atípicas” ganham capítulo à parte na novela já tão intrincada de Trump, que embola o julgamento de Jair Bolsonaro (por tentativa de golpe) com Brics, China, Rússia, “quintal dos EUA”, regulamentação das big tecs, desmatamento, Rua 25 de Março — e até o PIX — com 50% de tarifas sobre o Brasil.
Toneladas de frutas e pescado correm o sério risco de estragar e atingir criminosamente os produtores brasileiros, sem canais de diálogo e sem solução à vista, confirmando o quanto o governo Lula foi pego de calças curtas, apesar de todos os avisos prévios de que Trump abriria guerra, como abriu.
Por mais que Geraldo Alckmin tente abrir brechas para negociações comerciais e Mauro Vieira se esforce pela via diplomática, pode ser tarde demais, porque o primeiro de agosto está bem aí, e o problema é mais em cima: Trump é um personalista sem noção e Lula foi longe demais nos recados malcriados para os EUA e nos acenos a China, Rússia e a um Brics agora “adornado” pelo Irã.
Na reunião “Democracia Sempre”, no Palácio de La Moneda, em Santiago, com os presidentes do Chile, Colômbia, Uruguai e Espanha, nesta segunda-feira, Lula voltou a cutucar Trump, ao acusar que “inimigos da democracia usam o comércio como instrumento de coerção e chantagem”.
Pode ter sido um tiro pela culatra. Dos vinte países da América Latina, doze deles da América do Sul, só quatro foram defender democracia, multilateralismo e o Brasil? Aliás, dos quatro países originais do Mercosul, dois são contra e dois a favor de Trump. E a Unasul? Evaporou? Se o encontro no Chile era para demonstrar força e união, o resultado pode ser o oposto: fraqueza e desunião.
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