The Economist
O dia 5 de agosto foi uma rara ocasião de boas notícias para a BP, gigante britânica do petróleo que enfrenta dificuldades. A empresa não só anunciou um lucro trimestral de US$ 2,4 bilhões, 30% acima do esperado por analistas, como também revelou uma enorme descoberta de petróleo, batizada de Bumerangue, a cerca de 400 km da costa do Rio de Janeiro. É a maior descoberta da companhia em 25 anos.
A BP não é a única petroleira apostando alto na América do Sul, que no ano passado produziu cerca de dois quintos do volume de petróleo bruto da América do Norte. Trata-se da região de crescimento mais rápido no mundo em petróleo e gás, afirma Mark Oberstoetter, da consultoria energética Wood Mackenzie.
Até 2030, projeta-se que a produção aumente cerca de um terço, comparado a um crescimento de um quarto no Oriente Médio e de um décimo na América do Norte.
O primeiro é o Brasil. A consultoria Rystad Energy prevê que a produção de petróleo bruto no país aumente 10% este ano, ultrapassando 3,7 milhões de barris por dia (b/d). Analistas veem a descoberta do campo Bumerangue como um sinal positivo para as perspectivas do petróleo brasileiro em geral.
A Equinor, estatal norueguesa do setor, tem dois campos próximos. A descoberta também deve impulsionar o interesse em um leilão de blocos de petróleo previsto para outubro. Gigantes como Chevron, Shell e TotalEnergies já têm operações em expansão no país. A Petrobras, estatal brasileira, também está investindo em expansão da exploração e produção.da a sexta.
A Guiana, com menos de 1 milhão de habitantes, surgiu como outro ponto quente na região. A Rystad espera que a produção de petróleo no país cresça 12% este ano, para cerca de 690 mil b/d, podendo atingir 1,2 milhão b/d até 2030. O Bloco Stabroek, um imenso campo petrolífero a cerca de 200 km da costa da capital Georgetown, foi motivo recente de disputa entre as duas maiores petrolíferas dos EUA.
A aquisição da Hess — uma rival menor americana com participação no projeto — pela Chevron foi inicialmente contestada pela ExxonMobil, que também detém parte do bloco Stabroek. Após longas disputas, um tribunal arbitral em Paris decidiu no mês passado que a Chevron poderia concluir a compra.
Por fim, há a Argentina. O setor de petróleo do país, historicamente sufocado por governos intervencionistas, está agora em plena retomada sob o presidente Javier Milei. Impulsionando esse boom está Vaca Muerta (“vaca morta”, em espanhol), uma formação de xisto no oeste argentino.
A produção de petróleo na região cresceu 26% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. As perspectivas são ainda mais promissoras com a construção de um grande oleoduto, prevista para iniciar em 2027, que deverá transportar cerca de 700 mil b/d até a costa atlântica para exportação.
A revolução do xisto nos Estados Unidos, que começou no início dos anos 2010, transformou o país no maior produtor de petróleo do mundo. Mas os campos de xisto americanos estão envelhecendo. O próximo capítulo da indústria global de petróleo pode estar começando ao sul.
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