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Quem polui mais no trânsito de SP? Novo estudo revela

Por Juliana Domingos de Lima – Estadão

Pesquisas médicas já mostraram que respirar no trânsito de São Paulo pode ter impacto similar para a saúde ao de ser fumante. Agora, um estudo global realizado pela primeira vez no Brasil mediu as emissões reais de carros e caminhões, responsáveis por grande parte da poluição na Região Metropolitana de São Paulo.

A análise destaca os veículos mais antigos, os de uso intensivo, como táxis e transporte por aplicativo e os veículos urbanos de carga como os que têm maior nível de emissão de poluentes na amostra (leia mais abaixo).

A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), de que participam empresas como 99 e Uber, informou em nota que as associadas possuem “políticas próprias que visam a redução de emissões de gases e de incentivo à aquisição de veículos elétricos e híbridos pelos motoristas parceiros”, mas não detalhou essas políticas.

De maio a julho de 2024, foram realizadas 323.000 medições por sensoriamento remoto pelos pesquisadores, em nove locais da região metropolitana.

O estudo foi feito pela iniciativa The Real Urban Emissions, com participação do ICCT (Conselho Internacional de Transporte Limpo), parceria com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e financiamento da Fia Foundation, do Reino Unido, que apoia ações voltadas para segurança viária, ar limpo e combate às mudanças climáticas.

Com emissões de mais de 7 milhões de carros na região metropolitana de São Paulo, a concentração média anual de poluentes, como o dióxido de nitrogênio e partículas finas, muitas vezes excede os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

3 achados e soluções para as emissões veiculares em SP

1) Veículos antigos são os mais poluidores

Veículos com mais de 18 anos de uso (certificados segundo a norma L3 do Proconve ou fases anteriores) tiveram as emissões mais altas de óxidos de nitrogênio (NOₓ), monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e amônia (NH₃), excedendo os limites regulamentares. Poluem muito em todos os aspectos, apesar de serem poucos (só 5,5% da amostra de carros de passeio).

Caminhões a diesel com idade média de 40 anos (anteriores à norma P3 do Proconve), que provavelmente não contam com sistemas modernos de controle de emissões, representaram quase 10% da amostra de caminhões. Eles emitiram cinco vezes mais óxidos de nitrogênio e 12 vezes mais material particulado que caminhões mais novos (que atendem à norma P8).

O estudo recomenda a retirada gradual de circulação dos veículos mais antigos, por meio de programas de sucateamento e incentivos fiscais para substituí-los por veículos elétricos a bateria.

2) Táxis e carros de aplicativo emitem mais que carros particulares

Equivalem a quase 30% da amostra de automóveis de passeio, poluindo mais do que veículos equivalentes que não prestam esse serviço. Isso acontece porque o sistema de controle de emissões acaba se deteriorando pela alta quilometragem e falta de manutenção devido ao alto uso.

Para esta categoria, predominaram na amostra veículos flex-fuel de normas mais recentes do Proconve, L6 e L7. Eles tiveram emissões reais de poluentes como NOₓ, CO e NH₃ mais de duas vezes superiores às dos carros particulares equivalentes.

O estudo sugere que esses veículos sejam alvos prioritários para eletrificação da frota de transporte individual, o que traria impacto significativo na redução de emissões.

3) Veículos urbanos de carga poluem mais que caminhões comuns

Caminhões de carga urbana apresentaram emissões reais de NOₓ e material particulado cerca de 30% mais altas do que as de caminhões comuns, homologados com a mesma norma (P7 do Proconve). O estudo atribui esse resultado às “partidas a frio”, já que esses veículos realizam viagens mais curtas e paradas frequentes para realizar as entregas, fazendo com que seus motores não atinjam a temperatura ideal de funcionamento e emitam mais. A eletrificação desse grupo de veículos também é recomendada como uma medida de grande impacto na poluição da Região Metropolitana de São Paulo.

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