Por Mauro Beting – Estadão
Desde novembro de 2020 eu não via o Palmeiras ter jogado 90 minutos tão ruins como fez em Quito. Bem piores do que a atuação do Flamengo no empate na fase de grupos, e muito pior do que as derrotas de Botafogo e São Paulo na capital equatoriana. O time da virada e do amor virou o fio nos 2.800m de altitude. Não foi só isso – até pela equipe terminar o jogo pavoroso com gás. Mas com o pior placar alviverde em 30 anos na Libertadores.
A LDU de Tiago Nunes deu show na primeira etapa. Parecia o Barcelona – não o de Guayaquil, mas o de Messi. Deve ter sido a melhor partida da história da LDU em Libertadores. Melhor do que qualquer atuação quando foi campeã, em 2008.
Possível que a estratégia palmeirense de chegar na segunda-feira não tenha dado certo em relação à altitude. O time pareceu prostrado e assustado, como esteve Khellven (que falhou no primeiro gol). E toda a equipe. Dentro e fora de campo.
Com menos de seis minutos, só não tinha aberto o placar, como merecia a LDU, porque Carlos Miguel, em menos de 90 segundos, fez duas grandes defesas.
O gol enfim saiu aos 15, com Villamil (que atuava pelo Bolívar, em 2023, na última derrota palmeirense como visitante no torneio). Aos 24, um balaço que bateu no braço aberto de Andreas Pereira virou pênalti. Lance discutível. Mas marcável e bem executado por Alzugaray.
O Palmeiras resolveu lembrar quem era. Mas ninguém se reconhecia ou era reconhecido. Outra bola longa, agora à esquerda, e mais um gol de Villamil, aos 46.
A boa nova é que o primeiro tempo pavoroso terminara para os palmeirenses. A boa sensação é que lembrava os 3 a 0 do primeiro tempo no Nilton Santos, no Brasileirão de 2023, e que terminariam com espetacular virada por 4 a 3.
Então, Abel só usou duas mexidas. Em Quito, tudo foi diferente. Trocou corretamente Khellven por Giay, e abriu Sosa à direita no lugar do pálido Raphael Veiga, infeliz escolha inicial.
Mas o sistema se manteve: Piquerez foi o terceiro zagueiro à esquerda, com Felipe Anderson sacrificado como ala pela esquerda. Andreas não manteve o padrão de excelência. Lucas Evangelista faz muita falta no meio. Martinez entrou pior do que Aníbal. E Allan, de novo, podia ter entrado antes.
Faltaram ideias e chances. Mais oportunidades foram criadas. Mas, na maior delas, o goleiro reserva Dominguez salvou gol certo de Sosa, em noite toda errada palmeirense, de Abel ao apito final. Bom mesmo aos palmeirenses foi a LDU perder por expulsão o ótimo ala Bryan Ramirez, que já devia ter sido excluído no recomeço da partida, ao agredir Giay.
Palpite? Ainda teremos a final esperada: Flamengo x Palmeiras.
A questão é como o time de Abel vai encarar o domingo decisivo contra o Cruzeiro, no Allianz Parque, pelo Brasileiro. É pouco tempo e muito avião. E um ótimo rival logo de cara contra um time desgastado por tudo.
O Palmeiras tem de jogar para vencer as duas partidas. Na quinta, tem de golear para igualar. No domingo, precisa de um gol para manter a ponta e o pique. Nos dois jogos precisa do torcedor que sabe que é feliz por torcer por um clube cuja cor é a da esperança. A maior confiança nesta semana decisiva.
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